Minha coleção foi formada quase inteiramente a partir de duas fontes: a coleção de selos que herdei de meu pai em 2002 e a coleção de selos doada pela família Dillon em 2021.
A coleção que herdei de meu pai acredito que foi começada por meu avô, por volta dos anos 50 ou 60. Possuía muitos selos de primeiro dia de emissão do Brasil (que o correio vende para colecionadores), e uma quantidade razoável de selos nacionais mais antigos, desde 1894. A coleção de selos de outros países não era particularmente grande, mas sim bastante diversa, com selos de países mais tradicionais na história postal (EUA, Alemanha, França, etc.) mas também mais incomuns (Mongólia, Laos, Tanzânia, etc.). A maior parte da coleção era relativamente recente (anos 60 em diante). Também havia algo de selos cinderela, principalmente selos fiscais.
Mais recentemente, recebi de María Anastasia Dillon a coleção de sua família. Eram várias caixas, álbuns, cartões que estavam guardados sem muito cuidado desde a morte do pai de María, em 2010, e que já não interessavam nem a ela nem a nenhum parente seu. Por esta razão, ela me ofereceu a coleção, o que inicialmente recusei mas terminei aceitando já que a alternativa era jogá-la fora e isso me parecia inaceitável. Comecei então o trabalho de organizar, catalogar e preservar o material todo, coisa que aprecio muito e pela qual fico imensamente grato.
A coleção da família Dillon era enorme. Não saberia dizer quando começou. Há um álbum bastante completo datado de 1947 e outros álbuns sem data mas que devem ser da primeira metade do século passado. Inclui coleções das famílias Olivet (francesa), Murcia (espanhola) e Novak (ucraniana), coisa que se pode saber pelos vários cartões e envelopes postais que estavam no meio da coleção. Parte substancial é de selos da Argentina, e acredito que abarque quase todas as emissões postais do país pelo menos entre o final do século XIX e meados do século XX, mas também há uma grande quantidade de material do velho mundo. Também inclui muitos selos da América do Sul, pilhas e pilhas de selos da Bolívia, Peru, Chile, etc.. Os selos em geral também são mais antigos, com pouco material posterior aos anos 60 e consideravelmente mais do século XIX e primeiras décadas do XX.
As mesmas coisas que tornam essa coleção tão interessante (quantidade e antiguidade) também geraram um problema sério: o mal estado de conservação. Muitos selos estão guardados em caixas e enveloper, acumulados uns sobre os outros, há várias décadas. Humidade, mofo, temperatura e movimento mecânico danificaram parte considerável do material, levando alguns selos a ficarem com marcas de dobradura, colarem uns nos outros, ficarem ilegíveis, etc.. Venho tentando recuperar tudo que posso com o pouco que sei, mas inevitavelmente há um ou outro selo que não tem salvação, o que sempre me causa dor: aquela porta pra um mundo distante, por vezes inacessível de outra maneira, se perdeu para sempre.
Espero que a soma destas duas coleções forme um conjunto bastante completo. Agora (27/05/2021) estou no início do processo de organizar a coleção síntese, e à medida que fizer isso também irei documentá-la digitalmente e compartilhar o material aqui no site, processo que vai levar muitos meses, provavelmente anos.
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