Meu set de áudio


Home
Seção anterior

Por muito tempo tive vontade de montar meu próprio set de áudio. Pelo estágio atual de desenvolvimento tecnológico eu não teria de fazer isto, já que existe a possibilidade de poder escutar praticamente qualquer música de qualquer origem a qualquer momento com uma quantidade mínima de equipamento (um celular, uma conta de streaming e um fone de ouvido mediano já dão conta do recado para a maioria das pessoas). Mas sinto que reduzir a experiência de escuta somente a isso nos leva a perder certo tipo de relação mais profunda com a música gravada: o ritual de organizar uma coleção de discos e de separar um tempo e um espaço específicos para a escuta.

Pensando nisso, em março de 2020 comprei um conjunto de áudio. Naquele momento vivia em um apartamento em San Telmo, e fiz uma pequena viagem de trem até Lomas de Zamora, arredores de Buenos Aires, para buscar o equipamento. Busquei comprar especificamente produtos de origem nacional argentina, por certo tique regional-colecionista. Terminei comprando um amplificador e caixas da marca Turner dos anos 70 (modelos 520 e 303):

História da companhia Turner S.A.C.I.F.I.

Como bandeja toca-discos comprei um Philips GA160, modelo de fabricação alemã também dos anos 70:

O preço total do conjunto foi de 16 mil pesos argentinos (na época algo entre 800 e 1000 reais no câmbio paralelo). Visualmente a coisa toda encaixava muito bem com esta mesinha dobrável que aparece nas fotos, mas infelizmente ela pertencia ao apartamento e os donos não quiseram vendê-la quando me mudei.

Ao passo que fiquei muito contente de ter este conjunto, fazer um equipamento dos anos 70 funcionar não é tarefa simples. Em primeiro lugar o amplificador tinha um canal defeituoso, o que resultava em som saturado em uma das saídas. Em segundo lugar, tive muita dificuldade em encontrar os cabos apropriados para o conjunto. A conexão entre toca-discos e amplificador usa o antigo padrão de áudio DIN (Deutsches Institut für Normung) 5 pinos. Este não representou grande problema, pois o cabo necessário veio junto com o equipamento.

Dor de cabeça mesmo foi encontrar o cabo para conectar o amplificador às caixas. Não somente o cabo era do padrão DIN (e por isso mesmo já um pouco difícil de encontrar), como era uma variação própria da marca Turner deste cabo. Além disso, ao final de março de 2020 foi imposto o isolamento social preventivo e obrigatório na Argentina devido à pandemia de Coronavírus, o que postergou meus planos por alguns meses. Por fim encomendei um cabo feito à mão, mas a qualidade ficou muito a desejar. Com relação a este problema pretendo mudar as saídas do amplificador e das caixas, trocar os conectores por saídas RCA ou outras mais simples de encontrar hoje.

Além do cabo estava com o problema do canal defeituoso. Como tenho formação como técnico de eletrônica assim que tive algum tempo livre (dez. 2020) resolvi buscar um esquemático da etapa de potência do amplificador e tentei encontrar a origem do problema.

Pelo que vi o problema eram capacitores antigos, que já não funcionavam. Quase sempre equipamento antigo deixa de funcionar por conta de capacitores danificados pelo tempo.

Assim, tratei de comprar os componentes necessários e tentei fazer a substituição na placa. Não tive sucesso nisso (nunca fui bom técnico), e de momento (fev. 2021) por questões pessoais tive de voltar ao Brasil, postergando novamente o trabalho no equipamento.